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Domingo, 27 e Segunda-feira,
28 de Maio de 2001
Jornal
do Lojista
De
geração em geração
Continuidade do negócio é das principais preocupações
do comerciante
Paula Vinha
Os elos que ligam o lojista ao negócio vão muito além dos lucros auferidos
no final de cada mês. Muitos comerciantes têm a própria história fortemente
ligada à história da loja. Por isso, a continuidade da empresa é sempre
motivo de preocupação.
- A loja é um patrimônio de família. Quando a empresa é familiar, há uma
tendência de tentar manter o negócio mesmo em situação de prejuízo. Não
sei se meus filhos e sobrinhos, ainda adolescentes, se interessarão pela
loja, mas espero que mantenham a empresa fundada por minha avó - diz Victor
Polónia, sócio da Línea HC.
Nem sempre, porém, Victor pensou assim. Formado em Engenharia Civil, ele
acabou na loja quase que como por um dever familiar. Seu pai, Fernando
Polónia trabalhava a com mãe, Hermínia Carreira. Quando a avó adoeceu,
em 1985, Victor, que tinha 25 anos, sentiu-se na obrigação de assumir
o posto ao lado do pai.
Adaptação lenta
- Foi difícil até me ambientar, a adaptação foi lenta. Precisei fazer
cursos e contratar consultorias para aprender políticas de atendimento,
por exemplo. Em contrapartida, a pós-graduação em Engenharia Industrial
ajudou-me na área financeira - lembra. Dez anos depois, Fernando Polónia
passou, definitivamente, o bastão ao filho e deixou de participar do dia-a-dia
da loja. "Estou feliz com o rumo que minha vida tomou", afirma Victor,
que foi o responsável pela fusão da Hermínia com a Celeste Modas, no ano
passado, dando origem à atual Línea HC.
- É um desafio e uma missão levar adiante o negócio iniciado por meu pai
- assinala Daniel Plá, sócio da rede De Plá. A relação de Daniel com a
loja fundada em 1959 por Pedro Plá Homedes, no entanto, começou bem mais
cedo que a de Victor com a Hermínia. Atual diretor de marketing, Daniel
trabalha na empresa há 29 anos, desde 15 anos de idade.
Daniel Plá orgulha-se em dizer que começou de baixo. "Arrumava e limpava
vitrines", conta. Somente a partir dos 25 anos conquistou autonomia para
negociar novos pontos comerciais para a rede. "Há cerca de dez anos cuido
sozinho da área de marketing." Ao lado de Daniel, os irmãos Pedro, Isabel
e Felipe também atuam na empresa. Falecido em 2000, o fundador da rede,
Pedro Plá Homedes, transferiu-a para os filhos ainda em vida.
Outra história de sucessão planejada é a da Gabriel Habib. Desde os 14
anos Demetrio Habib trabalha na loja aberta pelo pai Gabriel em 1918.
"Quando meu pai faleceu em 1958, eu tinha 31 anos e já contava com grande
experiência no negócio, por isso a transição ocorreu de forma natural",
conta.
Aos 74 anos de idade, Demetrio Habib continua à frente da loja. No entanto,
nenhum de seus filhos ou sobrinhos trabalha na loja. "Hoje em dia a sucessão
não funciona como antigamente. Os jovens querem estudar, fazer faculdade,
cuidar da própria vida."
Experiência no varejo
Mesmo assim, o proprietário da Gabriel Habib acredita que o negócio será
mantido pelas próximas gerações. "Alguns membros da terceira geração estão
no varejo e têm experiência no assunto. Acredito que vão dar continuidade
ao negócio quando eu e meus irmãos fecharmos os olhos." Na avaliação de
Antônio César Carvalho de Oliveira, sócio-diretor da Acomp Consultoria
e Treinamento - que atende BarraShopping, Casa Shopping, Casa Granado
e Sendas -, o ideal é os herdeiros começarem cedo, para terem oportunidade
de atuar em diferentes departamentos da empresa e adquirem visão do conjunto.
- Isso fará do herdeiro um administrador competente no futuro - explica
Oliveira, acrescentando que, em alguns casos, difícil é conscientizar
o jovem de que a experiência em diversas áreas e funções é importante
para sua formação.
Opção pela gestão profissionalizada
Reza o ditado que a primeira geração inicia o negócio, a segundo amplia
e a terceira fecha. Não é um prenúncio otimista, mas que pode virar realidade
se o lojista não cuidar da sucessão. Assim, quando os herdeiros não têm
interesse pela empresa, a saída está na profissionalização. - Às vezes
o varejista quer puxar seus filhos para dentro da loja e eles resistem.
Para não ver o negócio morrer, o melhor, então, é buscar um profissional
no mercado - aconselha Antônio César Carvalho de Oliveira, sócio-diretor
da Acomp Consultoria e Treinamento.
Pensando nisso, os sócios da De Plá estabeleceram no contrato social da
empresa que a terceira geração só entrará no negócio após ter concluído
nível superior e adquirido experiência em outras companhias. "A terceira
geração nasce em berço esplêndido, por isso freqüentemente não dá muito
valor ao que foi construído por seus pais e avós", explica Daniel Plá.
Para chegar ao comando da rede, os sobrinhos de Daniel terão que provar
competência. Ou permanecerão como parte do conselho e a operação no dia-a-dia
ficará por conta de profissionais do mercado. A preocupação com a sucessão
estende-se aos franqueados da De Plá. - Os herdeiros de franqueados passarão
pelo mesmo processo de aprovação pelo qual seus pais passaram. Só receberão
a franquia se tiverem condições de administrá-la - afirma Daniel Plá.
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