15 e 16 de Agosto de 1999 |
Um
novo perfil para o varejo
Supermercados
saem na frente e assumem lugar de destaque no setor
Bonança
Mouteira
A morte da Mesbla na semana passada - a empresa fechou a última loja
na sexta-feira - pode ser um marco de uma nova fase do setor de varejo brasileiro,
embora os especialistas da área ainda não tenham um quadro claro
de como será esse segmento do mercado nos primeiros anos do próximo
milênio. O especialista em varejo Antonio César Carvalho de Oliveira,
sócio-diretor da consultoria Acomp, explica que o mercado passa por um
processo de readaptação que não implica necessariamente
o fim das lojas de departamento.
Com certeza, porém, implica um grande movimento dominador dos hipermercados
- lojas de supermercados que seguem o conceito de tudo em um mesmo lugar. Além
disso, as empresas desse setor estão cada vez mais fortes num movimento
de compras de pequenas redes por grandes conglomerados e a entrada de estrangeiros.
Presença
fortalecida
O francês Carrefour, há anos no Brasil, acaba de comprar a Rede
de Supermercados Rainha, para atuar também no mercado de bairro. O Pão
de Açúcar fechou um contrato de venda de participação
minoritária para a francesa Casino. A Sendas tem um plano agressivo de
expansão através da abertura de hipermercados no interior do Rio
de Janeiro - Petropólis e Cabo Frio estão na lista.
Nos últimos anos, praticamente todas as grandes redes de supermercados
abriram hipermercados nos quais é possível comprar de tudo, inclusive
roupas e móveis, além de eletro-domésticos e alimentos
(originalmente, o ramo básico do setor). O executivo, porém, discorda
da teoria de que os hipermercados são a causa da quebra de tantas de
redes de varejo nos últimos dois anos. Só para citar as mais recentes:
Lojas Brasileiras, Mappin, Slopper e Mesbla além da concordata da Arapuã.
"Talvez ocorra um realinhamento em busca de nichos definidos de mercado",
afirma, lembrando que muitas redes de varejo conseguiram resultados positivos.
Como exemplo ele cita as redes Ponto Frio e Casa & Vídeo. "São
empresas que souberam buscar um novo nicho de mercado com a venda de celulares",
afirmou, referindo-se à estagnação das vendas de eletrodomésticos
da linha branca - fogões e geladeiras.
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Carvalho
de Oliveira: mercado passa por adaptação |
Pires de Araújo: consumidores com nova característica |
Opções
redentoras
A venda de celulares garantiu a saúde financeira dessas redes.
As Casas Bahia, lembra, acertaram com a estratégia dos financiamentos
bem feitos. "Quem deu crédito sem uma boa base acabou quebrando",
afirmou.
O presidente da Associação Brasileira dos Supermercados (Abras),
José Humberto Pires de Araújo, concorda com a opinião e
destaca que o perfil dos supermercados vem se adaptando às novas características
dos consumidores. Ele explica que os supermercados atendem ao consumo de massa
enquanto as lojas especializadas atendem ao consumidor mais exigente.
- Padarias e comércio de bairro continuam existindo - afirmou, acrescentando
que o problema da sobrevivência não é uma disputa entre
setores diferentes. "É uma questão de adaptação
e fixação de um nicho específico", explicou, referindo-se
ao posicionamento de pequenas e médias empresas. "A idéia
do supermercado é o atendimento pleno ao consumidor", afirmou.
O diretor financeiro das Lojas Americanas, Roberto Martins, também descarta
as teorias de que as redes de varejo estariam irremediavelmente condenadas diante
da supremacia dos supermercados. "Pelo contrário, estamos crescendo",
afirmou, contando que a empresa está abrindo mais duas lojas no Rio de
Janeiro este ano (no centro da cidade, no prédio que era na Mesbla, na
Rua do Passeio) e no Botafogo Praia Shopping (no prédio que foi a sede
da Sears).
Reorganização
Em sua avaliação, o que está ocorrendo é uma grande
reorganização do mercado e a disseminação das lojas
que oferecem todos os serviços. No caso das Lojas Americanas, por exemplo,
as lojas estão dividas no sistema de ilhas destinadas a cada um dos segmentos.
Em algumas delas, a empresa busca agregar valor com departamentos tipo delicatessen.
Ao comentar a situação das redes de varejo, Martins lembra que
existem várias redes de varejo que estão em situação
saudável além, é claro, das Lojas Americanas. "A Pernambucanas
é forte em São Paulo e no Sul, a Renner está muito bem",
citou como exemplos. Vale lembrar que a Renner foi comprada pela americana JC
Penney. "Um setor que ganha mais força é o de lojas de departamento
de descontos", afirmou, referindo-se principalmente às Lojas Americanas.
Convivência amistosa
Outra razão apontada pelos especialistas é o fato de que em outros
países do mundo, as redes de varejo continuam fortes e convivem muito
bem com o conceito de hipermercados. Ele descarta a teoria de que os hipermercados
possam acabar com as redes de varejo.
No entanto, o diretor da Acomp explica que os supermercados levam vantagem em
relação às demais redes de varejo e aponta várias
razões. A primeira delas é o conforto do consumidor de encontrar
tudo em um só lugar, o que é um grande valor para os consumidores
de metrópoles em que tempo é dinheiro.
Valor agregado. As redes de supermercados também conseguiram acompanhar
a evolução do perfil do consumidor classe média brasileira
e passaram a oferecer vários outros serviços que agregam valor
ao produto original.
Nesta categoria estão os serviços de delivery (entrega em casa),
compras pela internet e variedade cada vez maior de produtos.
Além disso, algumas redes já investem no serviço de lojas
abertas 24 horas, buscando conquistar a parcela do público que não
tem tempo para comprar nos horários comerciais.
Outra vantagem é agregar valor às lojas colocando pequenas lojas
prestadoras de serviços - como agências bancárias e lavanderias
self service - no mesmo espaço do supermercado. Uma estratégia
que tem se mostrado um grande sucesso.
Outro ponto a ser destacado é a especialização cada vez
maior das lojas. Quando o consumidor quer um produto específico, procura
uma loja especializada. No dia-a-dia, porém, as pesquisas mostram que
o interesse dos consumidores é pelas compras em um só lugar. "Os
supermercados levam vantagem porque alimentos são itens de consumo diário
e ao oferecerem outros produtos, acabam conquistando novos consumidores".
Margens menores. Outra vantagem dos supermercados sobre as demais redes
é que estão acostumados a margens de lucros pequenas - compatíveis
com as praticadas nos países desenvolvidos. Além disso, outro
fator importante é o fato de que os hipermercados estão em condições
de oferecer preços mais baixos por conta do maior poder de negociação
com os fornecedores.
Como compram grandes quantidades de mercadorias, podem negociar preços
mais baixos e melhores condições de pagamento. Os ganhos, é
claro, acabam sendo repassados aos consumidores que, atraídos pelos preços
mais baixos, não hesitam em trocar as redes de varejo tradicionais pelo
conforto de ter tudo em um mesmo lugar.
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