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Sábado, 13 de Abril de 2002

Seu Negócio

Decoração que vem do Oriente
Concorrência ainda baixa favorece investimento em loja especializada

Clarice Godinho


Antônio César de Oliveira, da ACOMP: Especificidade aumenta chances de sucesso, mas não elimina os riscos

Da China, o pastel. Da Índia, o incenso. De Bali, na Indonésia, a canga. As vedetes do Oriente no varejo brasileiro estão dividindo espaço também com produtos de decoração. O investimento numa loja de decoração é de cerca de R$ 60 mil sem o ponto-de-venda, o público é segmentado, mas o mercado dispõe de poucos negócios do tipo, o que faz desta uma opção atraente.

Para quem está pensando em comprar a idéia, uma dica: o primeiro passo é investir em pesquisa para a escolha da localização da loja. Como o nicho é específico, qualquer concorrente por perto pode atrapalhar os planos de sucesso.

No Empório Bia Campos, especializado em produtos da Indonésia, no shopping Fashion Mall, os mais vendidos são os artigos em madeira, de objetos de decoração - como imagens de animais característicos daquele país, bandejas e porta-copos - a móveis. A proprietária, Bia Campos, acredita que o mercado é pouco explorado e que há ainda espaço para novas lojas, mas alerta para o risco do negócio.

- As mercadorias não são baratas e isso deve ser levado em consideração na escolha do local onde se pretende instalar a loja -
afirma. Bia trabalha diretamente com fornecedores que trazem as mercadorias do país de origem, de acordo com a necessidade da loja.

Fornecedores


A Kintamani é a sua principal fornecedora. Sócia da empresa, Norine Mauro conta que a forma mais fácil de conseguir contato com fornecedores é através das associações comerciais, feiras e exposições, que acontecem periodicamente por todo o País.
"Geralmente demoramos três meses para importar da Ásia uma peça que não esteja em nosso estoque", explica.

Na opinião de Antonio Cesar de Oliveira, consultor de varejo da Acomp, a especificidade do negócio é uma faca de dois gumes: pode ser positiva, pois aumenta as possibilidades de sucesso, ou negativa, pois aumenta os riscos.

"Não adianta só ter o dinheiro para investir. É preciso fazer uma pesquisa minuciosa para não ter surpresas pelo caminho", confirma Bia.

Sensibilizar o consumidor é outro ponto importante. "A cultura destes países é muito diferente da nossa. Geralmente as pessoas nem conhecem os produtos neles fabricados. Por isso, deve-se reservar algum capital para divulgação", lembra Oliveira.

Dono das duas lojas Essência Astral, especializadas em produtos indianos, no Rio, Wanderlei Santos afirma que, por mês, investe aproximadamente R$ 600 em propaganda. "Isto equivale, basicamente, à publicidade em ônibus. Quem deseja ampliar a prática gastará, com certeza, muito mais", calcula. Ele conta que os produtos mais procurados são imagens religiosas.

A consultora Ana Vecchi, acredita que vem existindo um movimento em direção ao consumo de produtos do Oriente. "O stress de hoje em dia está levando as pessoas a procurarem novas alternativas de vida. Os chineses, por exemplo, têm muito a mostrar e por isso percebe-se que características da cultura tanto daquele pais quanto de outros da região vêm sendo incorporadas pelo Ocidente", explica.

Uma das razões para isso, segundo Ana, é a moda do feng-shui, arte milenar chinesa de harmonização e energização de ambientes. "É notório que as pessoas passaram a consumir mais artigos chineses influenciadas por esse modismo. Esta é a hora de tirar proveito disso", afirma.

Aproximação


Oliveira acrescenta que meios de comunicação, como a Internet, vêm aproximando o Brasil do Oriente, facilitando, assim, as relações comerciais. Conseqüência direta desta nova realidade, a concorrência aumentou para as lojas que se propõem a trabalhar com produtos da região.

Funcionário da loja Orient Express, que vende tapetes chineses, Wanderley Lemos confirma essa tendência. Ele diz que a procura por estes produtos aumentou consideravelmente nos últimos oito anos e credita o fato ao aumento da concorrência, que, por sua vez, ampliou o contato do consumidor com as mercadorias chinesas. Em sua loja, conta, algumas mercadorias vêm diretamente daquele país, mas a maioria é comprada de fornecedores europeus.

- O número de lojas vêm crescendo, mas, com isso, pode crescer também seu público. Há, ainda, muito espaço neste mercado a ser explorado. Com os investimentos certos, o negócio pode progredir - conclui Oliveira.

Serviço:

Acomp Consultoria Empresarial, 2445-5444
Empório Bia Campos, 3322-7426
Essência Astral, 2576-0505
Orient Express, 2494-2766

Raio X

Investimento inicial: R$ 60 mil
Faturamento bruto mensal: R$ 18 mil
Número de funcionários: 4 funcionários (em dois turnos)
Área mínima: 50 metros quadrados
Risco: alto, na avaliação da consultora Ana Vecchi

Fonte: empresas e consultores

>> Barreiras

Requer alto investimento.
Ramo muito específico, o que torna investimentos na área arriscados.
Público-alvo segmentado.
Mercado sujeito às variações cambiais e às taxas de importação.
Apesar de existirem poucos empreendimentos no ramo, o aumento das relações comerciais do Brasil com estes países tende a influenciar a concorrência.

>> O que fazer


Pesquisa de mercado para identificar, principalmente, melhor localização para a loja.
Investir em divulgação.
Procurar criar identificação do cliente com o seu negócio.

 


 

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