Antes que acabe Edições limitadas invadem as lojas e são a nova febre do consumo
A teoria ganha força quando o exemplo é a tal coleção da Louis Vuitton, a Murakami. Resultado da parceria entre Marc Jacobs (estilista da grife) e o artista plástico japonês Takashi Murakami, é composta por três linhas distintas: a Multicolor (com monogramas coloridos que os camelôs tentaram copiar), a Eye Love Monogram (a Multicolor com aplicação de olhinhos característicos do artista) e a Cherry Blossom (com desenhos de flores de cerejeira). Apesar de somarem 15 modelos diferentes, apenas 35 exemplares foram enviados para abastecer as quatro lojas no Brasil. A boa notícia para quem queria um e não conseguiu - mas já está com o nome na lista de espera - é que, de vez em quando, o pessoal da França, onde está a sede da marca, manda umas bolsas pra cá. O resultado? - Tem uma cliente que vem todos os dias para saber sua colocação na lista. Uma menina ligou chorando, implorando por duas iguais porque a irmã também queria. Aos berros, ela ameaçou nunca mais comprar com a gente. É uma loucura - conta Mônica Lopes, subgerente da loja de Ipanema. Para Antonio Carvalho, o esquema da lista é uma boa saída para não frustrar os clientes que se sentem especiais pela grife, seja lá de que produto for. Mas não deve ser uma lista grande. - Para não desmotivar uma possível futura compra, é válido fazer uma lista com os clientes que mais querem. Mas devem ser incluídos somente alguns consumidores, para não perder a credibilidade com quem havia comprado acreditando na exclusividade - explica o consultor. A histórica Melissinha - aquela sandália de plástico que as mulheres na faixa dos 30 já usaram e as mais novas redescobriram - ganhou um toque diferente nas mãos da designer J. Maskrey, que aplicou cristais Swarovski no produto da Grendene. A estréia foi em fevereiro, em Londres, quando a designer apresentou sua coleção outono-inverno na London Fashion Week. Mas, como em janeiro havia sido feita uma mostra da coleção em São Paulo, a Melissa Couture já era, então, objeto de desejo. Nas cores preta e cristal, começou a ser vendida em junho: apenas 2.200 pares no mundo, todos assinados e numerados na sola. Apesar de a marca ser nacional, o Brasil ficou com 200 unidades e restam pouquíssimas, agora só à venda através do site, por R$ 500. O investimento das consumidoras é compensado pelo simples fato de o produto ser quase único e afasta a discussão sobre o preço, o que permite ao fabricante cobrar mais caro. Paulo Pedó, gerente de marketing da Melissa no Brasil, diz que o objetivo não foi vender o modelo em grande escala, por isso não houve preocupação com o preço, mas sim com o número de pares. - A Melissa Couture é mais do que uma sandália, é uma obra de arte digna de colecionadores. O molho a mais fica por conta da limitação - acredita Pedó. Os colecionadores também se sentem atraídos pela Collection Privé, nova linha de relógios da Cartier. Composta por três diferentes modelos feitos com materiais nobres e com movimento de corda manual, os relógios têm história. O tipo Santos, por exemplo, merece destaque por ser uma réplica do que foi feito em 1904 por Louis Cartier para o seu amigo e aviador Alberto Santos-Dumont. A raridade, que leva de um a dois anos para ser manufaturada e custa em média R$ 45 mil, tem fabricação limitada e exclusiva: no máximo 25 peças por ano. - A exclusividade dá um plus que atrai quem gosta de relógios, pelo menos para conhecer - diz Elizabeth dos Reis, gerente da loja do Rio, que vendeu os únicos três Santos que recebeu (ouro, ouro amarelo e platina) em uma semana, lembrando que a rapidez da venda se deve ao reduzido número de exemplares. E teve gente morrendo de inveja dos nova-iorquinos quando o jornal The New York Times noticiou que Daniel Boulud, proprietário do badalado Le Cirque, abalou a gastronomia da metrópole ao lançar um hambúrguer com foie gras. Pois agora, na Joe & Leo's, no São Conrado Fashion Mall, também tem. Foram seis meses de planejamento, incluindo a contratação de um chef formado pela escola de Paul Bocuse (Alexandre Giraud) mas a casa só manterá a Limited Edition - que inclui outros dois sofisticados sanduíches - até meados de setembro. - É uma extravagância, já que os ingredientes são nobres e custam mais. Também é muito trabalhoso de fazer, mas compensa. A procura superou as expectativas - justifica André Cunha Lima, um dos sócios da Joe & Leo's, feliz com o resultado da divulgação boca-a-boca entre os freqüentadores da casa. Na Mil Frutas, que sempre lança sorvetes exóticos no cardápio gelado, os meses de junho e julho ganham sabores típicos de festa junina. Macaxeira com coco, abóbora, batata roxa ou canjica só podem ser degustados em um pequeno período do ano. Perdeu? Em 2004 tem mais. - Sorvete é sazonal. Então, é a sazonalidade dentro da sazonalidade! - diz Renata Saboya, sócia da sorveteria, que nessa época repara em clientes que vão à loja várias vezes na mesma semana atrás do sabor em fim de temporada. O Boticário, marca de cosméticos nacionais, também aproveitou a sazonalidade. Apresentou o estojo Delícias de Inverno em junho do ano passado. Composto de sabonetes com fragrâncias que remetiam a cheiros típicos do frio, como chocolate quente, cappuccino, doce de leite e trufas com menta, não foi numerado, mas durou apenas os três meses da estação. - A performance dos limitados foi muito positiva e identificamos o público jovem como principal alvo para eles - explica Tatiane Puppi, gerente de marketing da empresa. O novo batom Frost & Snow, da coleção de verão Sensations, da Helena Rubinstein, foi lançado no início do mês nas cores branca e rosa, mas quando a estação acabar ele sairá de cena, tal qual o estojo do Boticário. Isso já aconteceu com o blush líquido da coleção do verão passado. -
Ele se tornou um hit e, por isso foi um problema, todo mundo queria! Mas
não teve ai-me-dói: acabou o verão, lá se
foi o Liquid Blush - resume a relações-públicas da
HR, Priscila Monteiro, dando a entender que certas coisas na vida são
realmente fora de série.
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