Sábado, 31 de Maio de 2003


Presentes darão lugar ao lazer

Com menos dinheiro no bolso, namorados irão optar pelo jantar ou pela lembrança

Bruno Rosa e Olívia Vicente
Especial para o JB

As vendas do Dia dos Namorados não deverão ser tão boas como as do ano passado, pelo menos para o comércio. Tudo indica que o varejo perderá terreno para o setor de lazer. Isso é o que mostra a Associação Comercial do Rio de Janeiro, que estima que a comercialização de presentes este ano deverá amargar uma queda de 15% em relação à mesma época do ano passado.

- Antes, além dos presentes, os casais comemoravam a data com jantares e viagens. Agora, sem dinheiro, eles têm que fazer uma opção - disse Antônio César Carvalho de Oliveira, diretor da Acomp, consultoria do setor de varejo, estimando que até 15% dos consumidores deverão trocar os tradicionais presentes por momentos de lazer.

Atento a essa demanda, o Hotel Intercontinental, em São Conrado, Zona Sul, preparou uma oferta para a data. Por R$ 270, o casal pode desfrutar de um quarto com café da manhã. Num dia normal, o serviço sai por R$ 350.

Numa tentativa de reverter a tendência dos casais buscarem só momento de lazer, alguns comerciantes estão investindo em produtos temáticos e na criatividade para aumentar as vendas. A loja de acessórios Imaginarium desenvolveu até fronhas com palavras ''sim'' e ''não'', numa sugestiva brincadeira para a noite do Dia dos Namorados.

- Queremos agradar todos os casais e por isso elaboramos tamanha diversidade de produtos - disse Tatiana Gobbi, gerente da loja no Botafogo Praia Shopping.

A loja Bordado & Cia., no Via parque, também está apostando nas promoções, e criou o conjunto ''Eu te amo'', com peças íntimas. O kit sai por R$ 37,00.

Outra empresa que apostou nessa idéia foi a fabricante de meias Lupo, que fez uma parceria com o estilista Alexandre Herchcovitch, para a criação de meias femininas (R$ 6 em média) e cuecas especialmente para a data (entre R$ 7 e R$ 16).

Oliveira, da Acomp, acredita que os namorados vão gastar menos. Para ele, os gastos deverão ficar, em média, R$ 35.

- As pessoas estão agregando o valor do presente à utilidade que ele tem, e não, ao preço.

Renata Dantas, estudante de fisioterapia, de 24 anos, ainda não escolheu o presente para o namorado, Carlos Henrique, também de 24 anos, mas tem uma idéia.

- Vou dar vários presentes, dos quais um que dure muito tempo - contou. Para começar a lista, ela já selecionou chocolates da Kopenhagen em forma de flores.

Jussara Nova Raris, superintendente de marketing dos shoppings Fashion Mall, Plaza, Rio Plaza e Ilha Plaza, afirmou que os telefones celulares deverão alcançar o mesmo sucesso de vendas do Dia das Mães, quando foram os produtos mais vendidos.

- O único setor que pode barrar o celular é o de perfumaria, que normalmente é o produto mais comprado nesta data.

Para manter o posto de produto mais vendido, as operadoras de celular estão travando uma ''guerra'' de ofertas.

- Nosso objetivo é atender todos os gostos. Por isso elaboramos uma promoção como essa - disse Alberto Blanco, diretor de marketing da Oi, referindo-se ao aparelho Nokia 2100, com foto, que está sendo lançado por R$ 299.

Daniel Plá, presidente do conselho de varejo da Associação Comercial do Rio, acredita que a atual taxa básica de juros - Selic, de 26,5% ao ano - não favorece o comerciante e incentiva os consumidores a ''pechincharem''.

- As lojas não estão dizendo que estão oferecendo descontos, mas quem pedir, tem grandes chances de ser bem sucedido.


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