Economia - Domingo, 28 de Novembro de 2004 Rio atrai redes populares
As grifes de luxo não são as únicas que estão investindo pesado no Rio de Janeiro com a abertura de novas lojas. Redes de outros estados também apostam na cidade com espaços voltados para as classes populares. Se de um lado, marcas como Calvin Klein, Dolce & Gabanna e Dior negociam sua entrada na Zona Sul do Rio, do outro, redes como Camicado, Estação da Praia e Sergio's Calçados invadem a Zona Norte e os bairros do subúrbio.
Jacqueline decidiu abrir uma filial da grife especializada em trajes de banho para mulheres - que conta com mais de dez lojas no Espírito Santo - no Shopping Grande Rio. Para ela, a idéia nasceu depois de perceber que a Baixada Fluminense não possuía nenhuma rede do segmento. - Havia um déficit de biquínis na Baixada. Por isso, trouxe a grife com preços mais em conta para o Rio. E abrir antes do Natal é um ponto forte, já que a economia este ano está apresentando bons indicadores - afirmou ela, lembrando que as peças variam entre R$ 29, para as peças simples, e R$ 59, para as bordadas. No Shopping Nova América, em Del Castilho, quem acabou de chegar foi a Camicado, rede de artigos para o lar. No mercado desde 1987, a empresa, além de ser uma das maiores redes paulistas do segmento, com 15 lojas no estado, ainda conta com espaços em Curitiba. Com mais de oito mil itens nos pontos de venda, os preços também variam. As peças custam a partir de R$ 1 e, as toalhas, por exemplo, saem a R$ 9,90. - O Rio é o segundo maior mercado do Brasil e investir na cidade era um caminho natural. Optamos pelo Nova América depois de fazer uma pesquisa onde foi estudado o público, seu fluxo e a carência de ofertas nesse setor. Nessa mesma pesquisa descobriu-se que o público da Zona Norte é familiar e conservador e que estava carente de uma loja como de artigos para o lar com preços acessíveis - explicou Fábio Kow, gerente de marketing da Camicado Houseware. A Sergio's Calçados também inaugurou no Shopping Nova América um novo espaço. A rede, que se apresenta como a maior em calçados masculinos do país, com 37 lojas, apostou na Zona Norte do Rio depois de constatar uma carência de mercado neste segmento de sapatos para homens com melhores preços. - Os resultados estão 30% acima do planejado. Por isso, já estamos estudando abrir outra unidade no Rio em 2005 em algum outro shopping da Zona Norte- afirma Vinícius Gori, diretor da rede no Rio, cujos sapatos de couro são vendidos a R$ 50. E os parcelamentos chegam a quatro prestações. Outra gigante do varejo que está abrindo espaço na cidade é a Someday, no Norte Shopping. A empresa, que possui 16 lojas nos estados de São Paulo, Brasília e Curitiba, está apostando no Rio porque a cidade hoje é o carro-chefe da moda. - O nosso foco é a mulher jovem. Conseguimos combinar preços bons com tecido de qualidade. Por isso, abrimos no Norte Shopping, para atender todo tipo de público. Demoramos um pouco para entrar na cidade porque o Rio é muito competitivo. Existem muitas marcas - afirmou João Sérgio Leal, diretor geral. Antônio Cesar Carvalho, diretor da Acomp Consultoria e Treinamento, explica que o fato de o Rio já ter sido capital do país torna a cidade uma criadora de tendências. Redes vêem o Rio como cidade que dita rumos da moda - Quem não está no Rio, não está na moda. Por outro lado, já que a indústria do Rio não vai muito bem este ano, com exceção do petróleo, muitos trabalhadores são deslocados para o comércio. Assim, as pessoas acabam tendo que gastar mais com roupas para trabalhar. Isso, de alguma forma, deixou o mercado mais profissional - explica. O casal de músicos Rubem de Oliveira, de 35 anos, e Zaira Barreto, de 27, acredita que a vinda de diferentes grifes para o Rio beneficia o consumidor. - Quanto mais lojas, maior a diversidade de preços. Com isso, ganha o consumidor, que tem mais opções para pesquisar e comprar seus produtos - prevê Oliveira. A professora Vera Lúcia Fernandes, de 53 anos, acha importante a vinda de novas lojas para a cidade. - Já bastam as que saíram. Mas o governo tem que dar vantagem para as redes. Assim, essas companhias conseguem oferecer preços mais vantajosos para os consumidores - conclui.
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