Alta do dólar e fracasso nas vendas de 2002 encareceram a coleção deste ano. Lojistas estão cautelosos Janaina
Vilella
- Ano passado, enfrentamos um inverno com temperaturas que chegaram a 37 graus. Investimos e perdemos muito. As roupas ficaram encalhadas no estoque. Este ano, não podemos correr o mesmo risco. Para nos prevenir lançamos uma coleção leve, que pode ser usada tanto no inverno como no verão - explica o proprietário da Corpo&Alma, Isac Saadia. Segundo ele, os reajustes na ponta foram puxados principalmente pela alta dos derivados de commodities, produtos com preço cotado em dólar, usados na confecção das roupas, como linhas, tecidos, lycra (derivado do dólar), entre outros. Na Corpo&Alma os aumentos chegaram a 27%. Uma blusa de gola rolê de tricô, por exemplo, que no ano passado era vendida a R$ 55 sai hoje a R$ 70. - Para se ter uma idéia, só o algodão pluma subiu 190% no ano passado. Não temos como repassar nem perto disso para a ponta. O consumo está altamente retraído - afirma Saadia. O diretor da Acomp Consultoria e Treinamento, Antônio Cesar Carvalho, concorda. - O mercado de moda foi obrigado a mudar este ano. A falta de perspectiva do ano passado fez com que os investimentos fossem modestos. Vai ser o inverno da criatividade - analisa Carvalho. Que o diga o supervisor da Botton, loja de moda masculina, Luiz Carlos Clemente, que comprou apenas 10% das peças de inverno este ano. A pressão nos custos também fez com que o reajuste fosse inevitável. Roupas e acessórios aumentaram até 15% na loja. Um terno de lã fria que ano passado custava R$ 690 hoje está sendo vendido a R$ 798. - O problema é que quando o dólar aumenta os preços sobem, mas quando cai eles não descem. Soma-se a isso o fracasso das vendas em 2002. Este ano, praticamente não comprei a coleção. Se o frio realmente vier, encomendo na última hora - afirma Clemente. A gerente comercial das lojas Sacada e Oh Boy, Mariana Cruz, conta que a saída encontrada para evitar os reajustes foi diminuir as margens de lucro. - Se o consumidor não está comprando com os preços atuais, imagina se aumentássemos ainda mais. Para a consultora de estilos e varejo Beth Piquet cores mais claras como o bege, o azul e o rosa serão o forte da estação. As peças mais leves marcarão a volta de roupas de moletom e de casacos e calças de tactel. - Este ano, as lojas misturaram peças de verão e de inverno para compor a coleção. Por exemplo, está se usando vestidos sem mangas com jaquetas, assim como casacos com golas destacáveis. A calça capri, tão tradicional no verão, também é destaque. Pode ser usada com botas e sandálias. As lojas precisam inovar para atrair os clientes - orienta Beth. A perda do poder aquisitivo da população fez com que, consumidoras como a gerente de vendas Christiane Jordão, de 23 anos, que costumava fazer compras pelo menos duas vezes ao mês, passasse a comprar apenas quando necessário. -
O dinheiro está curto. Ano passado comprei roupas de lã
e não usei. Este ano, só vou comprar se realmente precisar
- diz Christiane Clique aqui para conhecer os Serviços da ACOMP
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