Sábado, 1 de Novembro de 2003

Prateleira inusitada

Produtos como sal líquido e ketchup de goiaba apostam no apelo da novidade

Bruno Rosa
Especial para o JB

Produtos no mínimo inusitados começam a ocupar espaço nas gôndolas dos supermercados. De um lado, sal líquido e margarinas com sabor de alho e oliva. Do outro, ketchup de goiaba e chicletes gelados. Mas tanta peculiaridade tem um só objetivo: chamar a atenção dos consumidores e tentar aumentar as vendas na reta final deste ano. Para o Natal, a aposta é panettone com sorvete. A Refinaria Nacional de Sal, que produz o Sal Cisne, desenvolveu outro modo de usar o produto. Em forma líquida e em embalagens de plástico, a empresa espera vender 40 mil unidades, com um conteúdo de 200ml cada, até dezembro. A meta é fechar o ano com faturamento cerca de 8% maior que o do ano passado, alcançando R$ 65 milhões. - Quando decidimos mudar, já sabíamos que o sal era um produto com certa inelasticidade. Por isso, a forma líquida foi escolhida e a embalagem teve uma forma seguindo o mascote da companhia, um cisne - diz Barreto Giorgi, superintendente da empresa.
		Diferencial: O guatchup, ketchup sabor goiaba, é um dos mais estranhos novos produtos a chegar nas gôndolas, mas já tem até distribuidores na Suíça e nos EUA.

A Bunge Alimentos também decidiu romper os padrões com a nova margarina Delícia. A preocupação surgiu quando, em apenas um ano, o produto perdeu 3,8% de participação no mercado. Assim, com investimentos que chegam a 6% do faturamento da companhia, que em 2002 alcançou R$ 8,6 bilhões, o produto passou por grandes mudanças, que incluíram versões com alho e oliva no catálogo.

- O objetivo é agregar valor ao produto. Esse segmento representa apenas 1% do mercado de margarinas, com apenas 44,8 mil toneladas por ano - conta Lina Fagundes, diretora de marketing da Bunge.

Mais ousada é a proposta da Guatchup, empresa no interior de São Paulo. A idéia foi fazer um molho nos moldes do tradicional ketchup, só que com goiabas no lugar dos tomates. Com sabor agridoce, o produto será vendido em formatos diferentes, como sachês, embalagens de vidro e de plástico, e chega aos supermercados no fim deste mês.

- O objetivo é, a longo prazo, alcançar 10% do mercado de atomatados do país. Para o mercado internacional, já fizemos parcerias com distribuidores na Suíça e nos Estados Unidos - conta Celso Mendes de Carvalho, diretor da empresa.

A fabricante de balas Arcor, por sua vez, já levou os mais diferentes sabores para seus doces. Agora, investiu R$ 5 milhões no desenvolvimento de produtos como o Poosh gelado, chiclete que se destaca por seu tamanho grande, formato exclusivo e recheio gelado na cor azul.

- A proposta é inovadora - avalia o gerente de marketing Rodrigo Peçanha, que tem expectativa de receita 15% maior este ano na comparação com 2002, quando a empresa faturou R$ 302 milhões.

De olho no Natal, a principal aposta da Nestlé é o panettone com gotas de chocolate e recheado com sorvetes de creme e rum. A previsão é de que o produto chegue às gôndolas na segunda quinzena deste mês e aumente em 20% as vendas no segmento de take home (produtos prontos) da companhia.

- O Natal é um período de alto consumo de sorvetes, e uni-lo ao panettone é resultado de pesquisas - diz Gilberto Mônaco, gerente executivo de Sorvetes da Nestlé Brasil.

Para Antônio Cesar Carvalho de Oliveira, diretor da Acomp Consultoria e Treinamento, as novidades são uma modernização dos produtos.

- O apelo do novo sempre induz ao consumo. Com isso, os lançamentos acabam agregando valor por se conseguir desenvolver um diferencial.