Domingo e Segunda, 13 e 14 de Junho de 1999

 

Regras de sobrevivência para namorados na empresa

Relacionamento afetivo pode culminar em demissão

Roberta Cecchetti

  "Onde se ganha o pão ..." O ditado faz jus às dúvidas de vários funcionários antes de se deixarem envolver com algum colega de trabalho. Mas, e se a razão for traída pelo coração? Aí não tem jeito. O caminho é deixar o amor fluir e, apesar do estado alterado de consciência, comum aos apaixonados, é aconselhável manter pelo menos um dos pés no chão e agir com cautela.

  O filósofo Baudelaire tinha razão: o amor é um crime que não pode se realizar sem cúmplice. A pena, no entanto, pode culminar na demissão de ambos. Quando mais branda, no afastamento para uma filial ou para outro setor da empresa. E se ninguém descobrir? Bom, se o amor existe, seu conteúdo já é manifesto. Resta então tentar a discrição, para que não haja perdas de salário e nem danos emocionais.

  Será que proibir é bobagem, já que conforme o senso comum, o que se faz escondido pode ser ainda melhor? O consultor de empresas Abrahão Saffer acredita que a proibição de namoros em organizações é uma atitude autoritária e que, em uma situação dessas, deve prevalecer o equilíbrio entre os envolvidos: a chefia e os enamorados.

  – Quando o empresário percebe que há uma relação além da funcional pode culminar em perda de produtividade. Mas há a postura profissional e o casal deve mantê-la para que não atrapalhe o bom andamento do expediente. Quando a proibição faz parte do regimento da empresa, penso ser algo muito teórico. O importante é manter o bom senso, pois existem situações difíceis de serem evitadas – avalia Abrahão Saffer.

Aumento de produção

  A Companhia Ipiranga tem uma postura liberal. O gerente do departamento de administração de pessoal, Roberto de Carvalho, afirma não haver proibição de namoros dentro da empresa. "Isso não é motivo de preocupação para nós. Se dois funcionários resolvem namorar, a auto-estima é maior. Quando se trabalha em estado de felicidade, a produtividade aumenta".

  Roberto de Carvalho afirma nunca ter tido problemas em relação a situações amorosas entre os funcionários e lembra que já houve casos que culminaram em casamento. "O relacionamento afetivo não afetou o contrato dos envolvidos com a empresa".

  A postura adotada pela Xerox é similar. O que não pode existir, assim como na Ipiranga e na maioria das grandes companhias, é uma ligação afetiva entre chefia e subordinados. Neste caso, um dos envolvidos será transferido para outra área. A Xerox observa que costuma prevalecer o bom senso entre o casal e que nunca houve situação de excesso em relação a manifestações de sentimento entre os envolvidos.

  O advogado Ênio Figueiredo afirma que uma relação de namoro na empresa não é motivo para demissão por justa causa. "Demonstrar afetividade é salutar e não vejo nada demais, desde que haja limite. Não afetando a moral da companhia e nem a sua reputação, não há com que se preocupar".

  – Normalmente prevalece o bom senso do casal de namorados, pois há a consciência de que estão em um local de trabalho, onde não são namorados e sim profissionais. Um caso de demissão só é justificável se o casal for pego em situações libidinosas, quando os enamorados cometem atos de demonstração de amor que não condizem com o ambiente corporativo, entre outros – analisa Ênio Figueiredo.

  A IBM também não se opõe a namoros entre funcionários. Quem pensa que um casal não pode trabalhar junto deve conhecer a história da especialista em comunicações Maria Cecília Corrêa e de seu marido Claudio Zibenberg, especialista de mídia.

  Cecília era estagiária quando Zibenberg foi contratado pela IBM. "Cheguei a ter aulas com o Claudio na PUC, mas não me lembrava dele quando chegou à companhia, em 1993. Tornamo-nos colegas e tudo aconteceu quando fomos designados para fazer um projeto especial, em que tínhamos que trabalhar nos finais de semana. A partir daí, começamos a nos aproximar e acabamos namorando", recorda Cecília.

  O casal preferiu esconder o relacionamento por aproximadamente um ano. "Com o passar do tempo, todos ficaram sabendo. Estamos há cinco anos juntos e nunca tivemos problemas. A empresa ganha com isso, pois acabamos trabalhando em casa também, além do expediente convencional", observa Cecília.

  A relação nunca foi ameaçada por trabalharem lado-a-lado. "Não acho que seja a situação ideal. Por mais que evitemos levar assuntos profissionais para casa, não tem jeito. Mas, por outro lado, nossos amigos são comuns e sinto que nossa relação é mais completa, devido à quantidade de tempo que passamos juntos".

  Cecília brinca ao dizer que nunca trocou beijinhos escondidos. "Dificilmente nos encontramos sozinhos no elevador, por exemplo. Mesmo assim, há câmeras. O fato de sermos casados não faz com que esqueçamos a postura profissional", conclui.

  O opinião de Cecília é compartilhada por Carlos Affonso, gerente de Marketing do West Shopping Rio – onde não é proibido namoro entre funcionários, desde que seja discreto. "O relacionamento não deve afetar negativamente o rendimento do trabalho". O próprio Carlos Affonso é um exemplo. "Conheci minha esposa no Shopping Continental, em São Paulo. Eu era gerente e ela assistente de marketing. Juntos, produzimos muitas coisas boas em termos profissionais".

Namoro proibido

  Há controvérsias em relação ao tema. A sub-gerente da loja de roupas Scrap, Debora Lima, é taxativa: é proibido namoro entre os funcionários do estabelecimento comercial. E vai além: caso o romance seja descoberto, a primeira atitude da direção é a demissão. O motivo alegado pela loja está relacionado à perda de produtividade".

  Já no Bob’s, as regras não são tão rigorosas e a situação pode ser resolvida com uma conversa amigável entre o empregado e o patrão: a loja tolera situações amorosas. A sub-gerente Viviane de Souza comenta que já houve casos de namorados trabalhando juntos. Mas quando isso acontece, a direção chama o casal para um bate-papo alertando para que nunca deixem de ser discretos durante o expediente".

  Assim como acontece na Scrap, outras lojas também têm a mesma postura: nada de misturar amor com o trabalho. A pena máxima para quem deixar o coração falar mais alto é chorar de barriga vazia. No O Boticário, a gerente Denise Alves Braga diz que se a relação for descoberta, poderá resultar na demissão dos envolvidos.

  O sub-gerente da Taco, Felipe Albuquerque, explica que, quando ocorre situações de namoro, um dos dois é transferido para outra filial e o motivo alegado, mais uma vez, é a queda de produtividade. A Di Santinni também adotou o mesmo procedimento, conforme afirma o gerente Marcio Almeida.

COMO OS CASAIS DEVEM AGIR

  • Procurar manter o relacionamento afetivo fora do horário de trabalho.
  • Evitar que a paixão atrapalhe a boa conduta profissional.
  • Solicitar à chefia o Manual de Ética e Procedimentos da empresa.
  • Comunicar o namoro ao chefe. Com o tempo, todos os colegas ficaram sabendo, desta forma é preferível colocar a relação às claras para que evitar especulações e tornar o clima desagradável.
  • Evitar conversas demoradas e a ausência prolongada, de ambos, durante o expediente. Com certeza ninguém vai achar que os assuntos tratados são profissionais.
  • Tentar seguir as normas da companhia para que os aborrecimentos possam ser evitados.

Fonte: www.acomp.com.br

manual de postura e ética no ambiente de trabalho

  O relacionamento interpessoal nas empresas torna-se mais complexo a cada dia que passa, principalmente em países mais avançados nas questões sociais. O consultor Antonio Cesar Carvalho de Oliveira, proprietário da Acomp Consultoria e Treinamento, diz que nos Estados Unidos, a Council Economics Priorities (CEP) – espécie de orgão credenciador de consultorias americanas – estabeleceu uma norma de conduta nas empresas, a Social Accountability (SA 8000).

  O objetivo é regular e procurar definir posturas funcionais adequadas aos membros de uma empresa, a fim de evitar situações constrangedoras e até litígio entre as partes. A CEP aconselha, por exemplo, que as reuniões, mesmo com duas pessoas do mesmo sexo, tenham sempre uma terceira pessoa participando, para que sejam evitadas as acusações de assédio sexual.

  Assuntos como racismo e aspectos comportamentais, entre outros, também foram abordados. No Brasil, até o momento, apenas quatro empresas procuraram se adequar a esta Norma.

  Os casais que começaram a se relacionar já trabalhando no mesmo local devem solicitar ao seus superiores o Manual de Postura e Ética da Empresa. Desta forma, os envolvidos poderão evitar maiores aborrecimentos, tais como situações inconvenientes, duvidosas ou até mesmo constrangedoras.

  Procurar observar a cultura da companhia em relação a este assunto, também é uma opção. Imagine um funcionário de um determinado setor que namore uma moça do Departamento de Pessoal. Seus colegas vão achar que ele tem acesso a informações privilegiadas.

  Pior será se este funcionário (a), tiver seu par como subordinado (a). Na hora dos cortes, ou promoções, poderá ficar dividido entre a razão e a emoção, e acabar comprometendo o relacionamento profissional ou o afetivo.

  Está provado por pesquisas que há maior atração sexual no trabalho devido à convivência mais intensa entre as pessoas. Estes questionamentos são, portanto, constantes.

  Algumas empresas permitem que os casais convivam em harmonia em seus quadros, porém definem que se os namorados vierem a se casar, ou simplesmente passarem a morar juntos, um dos dois terá que sair da companhia.

  Relacionamentos entre chefia e subordinados são os que geram maior preocupação. "O Brasil ainda tem que evoluir muito nestas questões sociais, porém bons exemplos poderão vir de países mais desenvolvidos em direitos humanos", diz Antonio Cesar.

 


 

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